Grande Concerto de Ano Novo



Foi prenda de Natal e por isso tive oportunidade de ficar mais à frente na plateia. Não é hábito ver os pés-de-galinha de quem está no palco, mas desta vez aconteceu. Foi no Coliseu de Lisboa, no fim de tarde do segundo dia deste novo ano. E desde já vos digo que foi uma bela prenda; 2 horas de música alegre de Johann Strauss, com a excepção da peça, belíssima por sinal, de Haydn, que terminou a primeira parte. Como se precisasse, aqui e ali, a música foi enriquecida por uma soprano ucraniana, Tamara Khodiakova, e pelo Strauss Ballet Ensemble, que nos fez voar com os seus passes e as roupas vaporosas das senhoras, para os chiques salões da Viena do século XIX. A Strauss Philharmonic Orchestra, dirigida por Piotr Vandilovsky, preencheu, e bem, todos os minutos que durou o concerto, com uma actuação muito sólida, competente, de autênticos especialistas em Strauss como o são os seus elementos; mas sempre com óptima disposição e até com alguns pormenores de bom humor.
É certo que não teve o glamour do tradicional Concerto de Ano Novo, emitido para o mundo todos os dias 1 de Janeiro a partir de Viena, mas seguiu-lhe as pisadas bem de perto, até na descontracção dos intervenientes, que, inevitavelmente, se reflectiu no público. Diferença lamentável: a sala esteve a meio gás, ao contrário do que sucede com o deslumbrante salão vienense, cuja lotação esgota muitos meses antes do espectáculo; diferença agradável: os 46 euros em Lisboa contra os cerca de 300 em Viena, para os melhores lugares. Nem tudo é pior por cá.
Estranhei algumas ausências no programa, desde logo, O Belo Danúbio Azul e a Marcha Radetzky. Sem espanto, constatei que estavam reservadas para os encores, e, a seu tempo, as peças surgiram exactamente por esta ordem, para entusiasmo geral e por forma a que a apresentação terminasse deixando água na boca a quem a ela assistiu, o que, de resto, foi plenamente conseguido. Para repetir no próximo ano, sem dúvida; assim eles voltem.
Dia 8, o mesmo espectáculo estará no Coliseu do Porto. Para a gente do Norte: se gostam e podem ir, não faltem. Aqui entre nós, mesmo não gostando muito, apareçam: vão gostar mais do que pensam. A sério.

PS: as fotos foram desviadas no programa do concerto - esqueci-me da máquina.

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