11 de Março de 1975
Completam-se hoje 38 anos sobre o 11 de
Março de 1975. Este é o dia cotovelo da revolução. Até então era democrática,
depois deste dia passou a socialista e assim continuou até à queda do V Governo
Provisório, ou melhor, até ao 25 de Novembro.
A questão que ainda
hoje se coloca é quem esteve por trás da tentativa de golpe? Sabe-se quem atuou,
sabe-se quem mandou atuar, no entanto mantém-se a dúvida sobre o que fez mover
Spínola, os spinolistas e a direita que se lhes juntou. De uma coisa todos
podemos estar certos, o golpe beneficiou a extrema-esquerda. Os chamados
moderados perderam, para não falar da direita, cujos líderes oficiosos tiveram
que partir para o exílio e por lá ficaram a organizar o MDLP e o ELP, e se demoraram alguns anos.
Os serviços
secretos franceses, o KGB, a CIA, a Espanha franquista, são as referências
estrangeiras. Uma lista da «Matança da Páscoa» que alguns, poucos, todos de
direita disseram ter visto, será a ameaça mais visível e próxima.
A verdade é que
Spínola e os spinolistas ainda não haviam desistido de voltar ao poder, apesar
de a conjuntura lhes estar cada vez mais adversa. É igualmente verdade que o
PPES (Programa de Política Económica e Social) levado a cabo por vários
economistas da área da esquerda dita democrática, liderados pelo major Melo
Antunes, estava concluído e aprovado pela Assembleia do MFA, faltando apenas
entrar em vigor. O PPES não previa as nacionalizações e não era nada disso que
as franjas da esquerda mais extremista queria, e aqui nem incluímos o PCP, que
concordava com as medidas preconizadas no programa Melo Antunes.
Por outro lado, a
preparação da operação militar foi um fiasco, pouco condizente com a
competência que era reconhecida ao general e aos seus homens de mão. Logo, o
que sucedeu a 11 de Março foi uma precipitação. Algo os fez mover sem que
tivessem tempo para qualquer planeamento.
É igualmente verdade que PPES morreu ali mesmo e, em sua substituição, avançaram as nacionalizações.
Talvez nunca
venhamos a saber ao certo a raiz desta tentativa de golpe, mas face a tudo
quanto consta acima, parece-me legítimo pensar que quem tinha perspetivas de
ganhar com a saída em falso da direita, era a extrema-esquerda, e a alegada
lista pode muito bem ter sido produzida com este preciso fim. Depois foi
fazê-la constar para provocar uma reação rápida,
e ela surgiu. Ou não?
Não sabemos, é uma
mera hipótese...