Asia Bibi - está tudo doido!

Asia Bibi é uma camponesa de 40 anos que nasceu no lugar errado, pois pertence a uma minoria religiosa, é católica, num país de 170 milhões de muçulmanos, o Paquistão. Só por isso, esta mãe de 5 filhos está no corredor da morte há cerca de 2 anos, por ter sido acusada de blasfémia. Podemos ter alguma dificuldade em enquadrar este crime e por isso serei mais preciso nos factos que lhe imputam: Asia mergulhou o seu copo no balde de água comunitário para matar a sede quando trabalhava no campo, num dia em que a temperatura atingiu os 40 graus. A «impura» teve o atrevimento de «conspurcar» a água das suas colegas muçulmanas e por isso o seu caso seria tratado superiormente. E foi. Chamada ao líder religioso local, este deu-lhe a possibilidade de ela se converter para que o seu «crime» pudesse contar com o beneplácito do Profeta. Porque, atrevida e arrogante, não quis aproveitar a oportunidade que lhe deram, foi julgada e condenada à morte por blasfémia e, desde então, aguarda num curro malcheiroso o derradeiro dia.
O ministro para as minorias e o governador local, que faziam a defesa pública da mulher, foram assassinados. No entanto, ao longo do tempo, vários pedidos de indulto foram encaminhados por pessoas que ocupam os mais altos cargos em países do ocidente e, apesar de tudo, acredito que a pena de Asia acabe comutada. Mas, que será da sua vida daqui para a frente, mergulhada num pântano social em que para além da miséria só emerge o ódio religioso? E todas as outras Asias ignoradas?
O país onde tudo isto é permitido, e onde o fervor religioso fundamentalista parece crescer todos os dias, há muito que possui a bomba atómica. Que garantias podem as entidades políticas do Paquistão oferecer ao mundo, quando não conseguem matar à nascença uma injustiça como esta?
   

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