Alípio de Freitas, Edmundo Pedro e Ana Aranha na Sociedade da Língua Portuguesa
Foi
no Hotel Açores, à Praça de Espanha, em Lisboa, a 28 de Novembro, que decorreu
mais uma apresentação de No Limite da Dor, desta vez a cargo de Ana
Aranha e de Edmundo Pedro, um dos entrevistados, sessão organizada pela
dinâmica Sociedade da Língua Portuguesa. Acontece que, para minha surpresa
apareceu e sentou-se à minha mesa Alípio de Freitas, um homem com uma história
de vida impressionante. Transmontano pobre chegou a padre no princípio dos anos
50. O padre, inconformado em Portugal, exilou-se no Brasil, onde se juntou à
resistência armada contra a ditadura instaurada em 1964. Foi preso em 1970 e nas
prisões da ditadura brasileira permaneceu 10 anos, onde sofreu as piores
torturas. Acabou por regressar a Portugal em 1981. Está doente e quase cego,
mas ouvi-lo a contar alguns episódios da sua vida faz-nos esquecer tudo isso,
porque facilmente nos deixamos envolver pela emoção que põe nas palavras,
dando-nos uma outra perspectiva do limite da dor. Terminou depressa a noite.
Dois valentes
representantes da resistência à ditadura, antigos presos políticos, um no
Brasil outro em Portugal, estiveram juntos e eu com eles. É um privilégio
estar com os protagonistas da História.