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A mostrar mensagens de janeiro, 2012

Memória dos dias - assim vamos com a crise

Neste dia, em que passa - não se celebra - mais um aniversário do 31 de Janeiro de 1891, a primeira tentativa para implantar a República - neste tempo de crise da memória, em que até ao feriado do 5 de Outubro querem pôr fim - no Telejornal da RTP1, uma senhora indignada protestava contra o 3º aumento dos transportes em menos de um ano: - Estão a matar-nos aos poucos - clamava. - Mais valia o Bin Laden matar-nos de uma vez. Não há tempo para a memória.

A austeridade já chegou à Madeira

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Na Madeira, a austeridade já começou. Segundo o Expresso de hoje, uma escola deixou de fornecer almoços porque não tem dinheiro para pagar o gás e já fecharam alguns centros de saúde à noite para poupar na despesa. Enquanto alunos e doentes pagam a crise, os subsídios para os partidos não sofreram qualquer redução (5 milhões por ano) e o dinheiro que é de todos continua a entrar no pasquim do Jardim, o Jornal da Madeira (4 milhões por ano). Também ali, a crise é só para alguns, os do costume. São mais e já estão habituados.

Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896

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Trago hoje palavras de um grande português escritas há 115 anos, mas tão doutas que, com a excepção da referência ao «Limoeiro», que já não é prisão, podiam tê-lo sido hoje. Ou então há coisas que nunca mudam. ‎"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. [.] Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, desca

Quem tem medo de Virginia Woolf

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Um texto intemporal que, inevitavelmente, me remete para Richard Burton e Elizabeth Taylor e para um filme dos anos 60, mas a culpa é minha. Voltou a Portugal esta magnífica peça de Edward Albee e, desde Novembro até final deste mês de Janeiro, estará no D. Maria II. Fui vê-la ontem e gostei muito. Foi bom voltar à riqueza daquele texto que, diga-se, está muito bem entregue aos quatro actores escolhidos. Elas (Maria João Luís e Sandra Faleiro) melhor que eles (Virgílio Castelo e Romeu Costa). Sandra Faleiro faz de forma sublime a Honey, a jovem esposa - o melhor desempenho. Maria João Luís é a protagonista, está permanentemente, ou quase, em cena e sentem-se alguns desequilíbrios na sua prestação, ainda assim é altamente positivo o seu trabalho. Em abono de todos, convêm repetir que o espectáculo está em cena desde Novembro, pretendendo com isto justificar algum desgaste, perfeitamente compreensível. Tudo se passa na sala de visitas de Martha e George, um casal de meia-idade, que receb

Congresso Internacional Alves Redol

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Começa amanhã, 5ª feira, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, o Congresso Internacional Alves Redol. Trata-se de uma iniciativa do Museu do Neo-Realismo em associação com a Faculdade de Letras, que decorrerá até sábado com a participação de grandes estudiosos da obra de Alves Redol. O evento prosseguirá na 6ª e Sábado no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira. Para mal dos meus pecados, só no Sábado poderei marcar presença, mas não faltarei.

Já tenho «O Bairro» comigo

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Foi-me entregue  hoje o primeiro exemplar do meu mais recente livro, O Bairro . Está um belo objecto, se me permitem. Quanto ao conteúdo, prefiro esperar pelos reflexos dos meus leitores. Vamos agendar a apresentação pública e talvez daqui a um mês tenhamos nos habituais postos de venda um policial verdadeiramente português - tem o nosso ADN social. Deixo-vos com o texto que consta na badana. «Manuel Sousa, agente da PSP, é assassinado num bairro às portas de Lisboa. A Polícia Judiciária está a começar a investigação quando é surpreendida pela notícia da morte de mais dois agentes. Quase ao mesmo tempo, um traficante de droga é deixado sem vida no Serviço de Urgência de um hospital. O que têm em comum estes factos? O bairro. O país fala destes casos, os jornais e as televisões fazem eco das preocupações sociais, a hierarquia policial e a tutela política exigem respostas aos investigadores. O chefe Barata, a pouco tempo de se reformar, encara este caso como o seu derradeiro desafio.  O

Esta merda tem de acabar - Jacques Fresco

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Não sei se é da chuva, se do nevoeiro, do frio, da noite mal dormida, mas hoje levantei-me com o espírito muito revolucionário. Ainda estava na cama e ouvi o Fausto cantar a sua (nossa) velhinha «Rosalinda». Enquanto aqueciam as chávenas do café, já estava a largar a bomba no Facebook: «…Pois os que mandam no mundo só vivem querendo ganhar, mesmo matando aquele que, morrendo, vive a trabalhar; tem cuidado...» Alertava, como candeia que vai à frente. Logo após o café saí de casa, fui espairecer, dar uma volta, pôr-me em contacto com as alturas límpidas e retemperadoras de Alenquer. Regressei refastelado e enfrentei uma cara de bacalhau daquelas que, bem acompanhadas com um bom tinto, nos deixam de bem com a vida. O pior é que depois liguei o computador. De imediato deparei com este filme na página do Facebook da Leonor Sá, filme que despertou em mim a revolta com que acordara, mas que anestesiara. Fiz então a inevitável junção dos odores nocturnos que o Fausto condensou, com a verdade

Duarte Mendes, Madrugada e Pedro Osório

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Eu tinha 15 anos e gostava do Festival da Canção porque era, verdadeiramente, um acontecimento mediático. Lembro-me, a propósito desta bela canção vencedora em 1975, que se discutia se o cantor, oficial do exército e elemento do MFA, devia ir à Eurovisão envergando o seu uniforme militar. As coisas que se discutiam... Não foi e bem, mas Duarte Mendes e Pedro Osório, o maestro, não se esqueceram do cravo vermelho.

Desafios à Investigação Criminal - conferência do CES da UC

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Conferência organizada pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, a decorrer na cidade do Mondego, no Colégio de S. Jerónimo, Sala 1, R/C - 14h30 de 2 de Fevereiro. Entrada livre.

De «O Caso da Rua Direita» a «O Bairro»

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Enquanto não chega «O Bairro», que já espreita, deixo-vos com o final do meu primeiro livro, de 2005, «O Caso da Rua Direita». «Jorge encetou a viagem a caminho da Amadora. Ao descer a Conde de Redondo, parou no semáforo. Os carris dos eléctricos, que já por ali circularam, destacavam-se na noite pelo reluzir do aço no chão negro. A madrugada estava húmida e fresca, o trânsito era raro. Nas imediações não se via vivalma, à excepção, claro, dos poucos travestis que continuavam activos a tentar agradar aos clientes, que reduziam a velocidade para melhor apreciarem a mercadoria. O relógio do carro marcava as duas da manhã, mas Jorge respirava tranquilidade e sorria. Naquela noite sentia-se vencedor e tudo corria de feição. Não tinha pressa em chegar e por isso encostou à direita, reduziu a velocidade e deixou-se ir calmamente. Gozava o ar fresco da noite, mas também aquela serenidade insubstituível que só a consciência do dever cumprido propicia, seja ele qual for. O solo de saxofone da b

Concerto de Ano Novo - Coliseu à falta de Viena...

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Enquanto Viena não chega com o seu anual concerto, e para mim não será em 2013, resta-nos o Coliseu de Lisboa. É esta noite. O programa não foge ao habitual - o agradável habitual -, e lá estarei para testemunhar e sonhar com o sempre adiado glamour de Viena, embalado pelo cheira bem, cheira a Lisboa. Bem bom, queixas-te de quê? Ingrato!

Radetzky March - Concerto de Ano Novo de Viena

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É verdade que já passaram uns dias sobre o Primeiro de Janeiro e muitos anos sobre a minha rendição à festa renovada que é sempre este Concerto de Ano Novo, em Viena. Posso confessá-lo, é um dos meus sonhos de vida poder um dia estar sentado numa cadeira daquela sala e não no sofá da minha casa a assistir em directo, mas gostaria de o fazer antes da chegada do sonotone, do pacemaker, antes sei lá do quê, mas está difícil. Ainda assim, vamos assistindo...

A propósito da beleza de Lisboa e de Pedro Osório

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Lisboa é linda!

Quando a beleza abunda, até a Audi faz publicidade à borla. Lisboa é linda. http://tv.audi.com/video/1530#/07

Sem ironia, feliz 2012

A partir de hoje este cantinho à beira-mar plantado conta com as seguintes alterações de (qualidade de) vida. FUNÇÃO PÚBLICA E PENSIONISTAS SEM SUBSÍDIOS EM 2012 Os funcionários públicos voltam a sofrer um corte nos seus rendimentos e os pensionistas tanto do público como do privado também vêem as suas reformas reduzidas. Na Função Pública, o corte médio nos salários mantém-se e todos os trabalhadores com vencimentos entre 600 e 1100 euros ficam, em média, sem um subsídio. Quem ganha mais de 1100 euros mensais não recebe nem o subsídio de Natal, nem o de férias. MENOS PROFESSORES EM 2012 No Orçamento de Estado para 2012 consagra-se uma poupança de 102 milhões com professores, anunciando uma "supressão de ofertas não essenciais no ensino básico", que já começou a ser concretizada com a proposta de reforma curricular do ensino básico apresentada em Dezembro pelo Ministério da Educação. Uma reforma que suprime algumas disciplinas, tais como EVT que passa a funcionar em duas