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A mostrar mensagens de novembro, 2009

Bafatá e o Geba

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Conta a lenda que um antigo chefe fula foi o primeiro homem a estabelecer-se ali. Chamou ao lugar Bafató, que na sua língua significa encontro de rios. De facto, um rio mais pequeno entronca no Rio Geba, o maior da Guiné, que se junta ao mar uns quilómetros adiante. O tempo transformou Bafató em Bafatá que, por estrada, dista cerca de 120 quilómetros de Bissau para o interior. Nos últimos anos, o centro da cidade deslocou-se para uma zona mais alta, junto do cruzamento da estrada para Bissau. Quem venha da capital e aí vire à esquerda, entra numa avenida larga e esburacada, que desce até ao rio. De um lado e outro da artéria, podem ver-se os edifícios mais emblemáticos da cidade, e ruas perpendiculares que se estendem, dando corpo à cidade histórica. A foto foi tirada a dois passos do rio e de costas voltadas para ele. Mostra o que resta da principal praça da cidade colonial, onde termina a dita avenida. Os dois amigos interromperam a pescaria para posar Este é o Júnior. Pro

Quinhamel e Mar Azul

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De Bissau a Quinhamel, a distância é curta e a estrada boa. Na rotunda do aeroporto vira-se à esquerda e cerca de 40 minutos depois, sem grandes velocidades, estamos lá. Cuidado com as galinhas, cabras e porcos – bichos pequenos estes… - que andam em liberdade no processo de autosustentação, e atravessam sem pedir licença. Já em Quinhamel, mas antes das ostras do senhor Aníbal, passámos por um muito jovem admirador de Obama. Por estas bandas, os EUA passaram também a ser definidos como «Estados Unidos de Obama».   O local onde o pecado não existe ou está condenado ao perdão - até o da gula Enquanto as ostras abriam e o peixe assava, saimos do restaurante para dar um passeio, mas logo um bando de «pardais» nos assaltou - talvez apareçam mais à frente. Fomos andando, cedendo ao apelo da água, mas sempre em boa companhia O depósito amarelo contém um líquido aqui muito apreciado: vinho de palma. Juro que não bebi, e nem foi pelo preço, 250 francos o litro, mas pela cor - era

O tédio e o quarto de hotel…

Gosto de escrever com o computador apoiado nas pernas flectidas, recostado no lado esquerdo da cama. Sempre no lado esquerdo. Como preciso da luz do candeeiro da mesa-de-cabeceira e não disponho de uma ficha tripla, tenho de ligar o computador à tomada que está no lado oposto. Não há outra. Acontece que a entrada de corrente situa-se exactamente à esquerda do meu PC. Logo, o cabo tem de passar por cima de mim e detesto sentir aquele toque. Há dias em que detesto mais. Hoje de manhã, pôs-se-me a questão: optar pela direita da cama para escrever, alterando hábitos, ou ir comprar uma ficha tripla. Resolvi: vou comer ostras a Quinhamel.

Ainda e sempre os Bijagós

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O pequeno aldeamento turístico de Rubane, o da «francesa», ocupa uma linha de costa não superior a 200 metros, sendo que a zona social – com bar, piscina e restaurante -, marca o centro do empreendimento. Para um e outro lado, estendem-se a dúzia e meia de cabanas, entre quartos e apartamentos. Na «francesa» – como terá ela vindo aqui parar? - destaca-se um rosto amarelecido, pele engelhada e baça, marcas bem visíveis de um tempo agreste, mas também por via do muito fumo de tabaco que por ele perpassa. Magra e relativamente alta para o padrão português, só se exprime na língua materna e, tanto os empregados como os clientes, têm de sujeitar-se. Mas vale bem o sacrifício. Este foi o palácio que me serviu para passar a noite. Não que dormisse bem, esteve até longe de ser uma boa noite de sono. A fauna local mais perturbadora, aqueles seres rastejantes e esvoaçantes, quase todos pretos, mas também de outras cores, pequenitos ou menos pequenitos, a que genericamente se chama insectos,

Cinema na cama

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Nos últimos dias, quando o trabalho não apertava e não me apetecia fazer outra coisa, ficava recostado na cama com o computador ao lado, num plano ligeiramente superior, quase sempre sobre a mala, headfones nos ouvidos e vi, ou tentei ver, os seguintes filmes: - Distrito 9 – Uma denúncia inteligente dos preconceitos face às diferenças físicas, culturais, religiosas, etc. Imaginem só: passa-se na África do Sul, o país do apartheid , mais precisamente em Joanesburgo, cidade marco dessa brutalidade, mas igualmente sinónimo da luta contra a segregação. Os diferentes começam por ser extraterrestres, depois... imaginativo e surpreendente. - Ghost Town – uma história bem-disposta, que cruza o além com o aquém, as fraquezas humanas. Um homem morre inesperadamente e volta em espírito para tentar compensar das suas infidelidades a mulher que amava. Aproveitou-se para o efeito de um dentista – personagem representado, nem mais, pelo actor protagonista da série de boa memória, A Firma, que