A Somália? É naquele beco ao fundo à esquerda...
Um homem casado e uma rapariga conheceram-se e amaram-se como a natureza os impeliu. Acontece que a mulher ficou grávida, que é uma coisa que sempre foi acontecendo e, espera-se, continue a acontecer. Bom, mas estamos na Somália. Um país islâmico, onde pelo menos em algumas regiões, a lei que rege a vida dos homens é a «Sharia», numa interpretação considerada radical. Acontece que face a esta visão da lei, tanto o homem como a mulher cometeram adultério, crime punido com… a pena de morte por apedrejamento.
Cerca de 300 espectadores assistiram à execução do homem. Mais tarde um deles disse que o sentenciado gritou e sangrou da cabeça durante o apedrejamento, o que é normal, diga-se, e que sete minutos depois parou de se mexer, o que também não deve espantar ninguém. Quanto à rapariga, não se sabe ainda quantos estarão presentes, e como reagirá ela ao apedrejamento, pois aguardam que dê à luz para que, finalmente, o tão ansiado momento se cumpra e todos os santos homens possam tranquilizar as suas almas. É certo que a criança ficará órfã à nascença, mas que importa isso? Cumpriu-se a lei. O chefe de Estado daquele país já condenou a sentença, considerando-a excessiva face ao crime praticado, apelando que no futuro se evitem situações idênticas. Ah, que acto de coragem, caramba...
Que é isto? O ano de 2009 está no fim. O homem saiu para o espaço há décadas, desbrava mundos exteriores; as telecomunicações, invenção do mesmo homem, tornaram este planeta num pequeno largo, com alguns becos mais esconsos é verdade, mas não passa de um pequeno largo, e o génio que tudo consegue, assiste a esta vergonha e… NADA.
Se ao menos não soubéssemos disto; se ao menos não dispuséssemos de todas estas tecnologias, e estes resquícios da baixa Idade Média ficassem nos becos onde são cometidos… Mas não, para vergonha de todos nós, isto acontece neste nosso mundo, todos ficamos a saber, baixamos os olhos e até pensamos aliviados «Não é comigo, não é comigo», e ninguém vai mexer uma palha para salvar aquela rapariga.
Se ao menos não soubéssemos disto; se ao menos não dispuséssemos de todas estas tecnologias, e estes resquícios da baixa Idade Média ficassem nos becos onde são cometidos… Mas não, para vergonha de todos nós, isto acontece neste nosso mundo, todos ficamos a saber, baixamos os olhos e até pensamos aliviados «Não é comigo, não é comigo», e ninguém vai mexer uma palha para salvar aquela rapariga.
