A Noite não é Eterna, é o título do mais recente romance de Ana Cristina Silva. É, desde logo, um título que induz esperança, que tanta falta faz aos homens que vivem estes dias de incerteza. Tudo se passa nos últimos anos da ditadura de Ceausescu, na Roménia – um dos regimes mais sanguinárias do antigo Bloco de Leste. Pelas temáticas abordadas, inevitavelmente, à medida que a leitura avançava, emergiam títulos que fazem parte da história da literatura: A Insustentável Leveza do Ser , pela contextualização social e até pelo triângulo amoroso que se forma; 1984 , pelo sentimento de vigilância do cidadão por parte do Estado, tecnológico no livro de George Orwell ou com olhos humanos, mas pouco ou nada e não menos eficazes, no caso da obra de Ana Cristina Silva; e até Teresa Raquin , de Zola, quando é pensado e repensado o assassínio de um dos vértices do triângulo. Paul, marido de Nadia, a protagonista, é um dedicado e ambicioso dirigente do partido no poder, disponível para fa...