Rui Pimentel em Estremoz, com grande pinta

Comecei a comprar o velhinho O Jornal bem jovem e continuei a comprá-lo até ao seu desaparecimento. Nos últimos tempos de vida, o semanário andava pelas ruas da amargura, ainda assim todas as sextas-feiras, lá ia beber café e comprar o jornal. Era um vício, uma questão de fidelidade, seria tudo isso, mas em termos de conteúdos havia algo que continuava a levar-me a alimentar o vício, a caricatura que a cada semana decorava meia página do jornal, da autoria de Rui Pimentel. O seu traço mordaz sempre me cativou e sempre achei que era uma lufada de ar fresco naquele jornal, já então com os pés para a cova, enquanto o caricaturista era para mim uma referência a nível nacional nesta área. 

Depois claro passou para a Visão e ainda o acompanhei durante uns meses, mas a revista não conseguiu substituir O Jornal, apesar de tudo, e desisti. Deixei de ouvir falar de Rui Pimentel até que, uns anos depois, bastantes, em conversa com um amigo de trabalho (reparem que não escrevi colega) fiquei a saber que ele era amigo, de há muitos anos, do Rui Pimentel e da sua irmã, a historiadora Irene Pimentel, que acabaria por, simpática e competentemente (aqui sem surpressa) escrever um magnífico prefácio para o livro No Limite da Dor, de que sou co-autor com Ana Aranha.

Foi este meu amigo, já agora, o actor Jorge Gonçalves, que me deu a conhecer a existência de uma exposição de trabalhos do Rui Pimentel, patente em Estremoz. Lá calhou, foi ontem. O local é um magnífico palácio adquirido pela Câmara Municipal, que fez obras de restauro, trabalho magnífico de resto, porque o resultado é no mínimo deslumbrante. Dá prazer entrar ali, estar ali em contacto com aquelas paredes, aquelas pinturas, aquelas escadarias - tudo aquilo nos faz sentir privilegiados por estar ali. Acreditem. Ainda não disse o nome, mas vai já de seguida, trata-se do Palácio dos Marqueses da Praia e de Monforte, e fica na Rua Luís de Camões, não longe do tribunal da cidade. 
Foi ali que fui brindado com a exposição do Rui Pimentel, de que aqui dou conta, modestamente, com as fotografias que o meu telemóvel é capaz de registar (qualquer defeito a ele deve ser imputado).

Mas deixem-me dizer que fiquei maravilhado com o que vi. São painéis temáticos, Literatura, História, Cinema, Artes (outras), repletos com caricaturas de autores, artistas, cineastas, actores, políticos, com um pormenor e tão explícito, que qualquer pessoa minimamente informada, não terá dificuldade em identificar cada uma das figuras representadas. 

Não é despiciendo, nada mesmo, o facto de todas aquelas obras, que eu não faço ideia de quantos meses - talvez anos - de trabalho levou a concretizar, mas são em número significativo, tem já destino marcado, decorar a futura biblioteca de Extremoz, cuja maqueta também consta na exposição. E que bela vai ficar.

Aqui deixo as fotografias possíveis e o convite para que não percam a exposição - patente até meados de Setembro. Vale bem uma viagem a Extremoz.    

PS: Esqueci-me, mas sempre a tempo (enquanto por cá andarmos ele é nosso) para se verem melhor as fotografias é clicar - muito melhor.

















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