Manuel Alegre e a Poesia de Abril

Afinal fui. E fiz bem, foi um belo momento.


Ouvi Manuel Alegre falar do tempo de Coimbra, do nascimento da Trova do Vento que Passa, da guerra e de Angola, da prisão, do exílio, mas também dos grandes nomes com quem conviveu: Adriano, Zeca, Cesariny, Sofia, Natália, e os da geração anterior, mas que tanto o influenciaram, Torga, Manuel da Fonseca, Carlos Oliveira... e tantos, tantos outros. Depois foi a poesia dita pela voz do poeta. Poemas da Praça da Canção e de O Canto e as Armas, verdadeiros ícones dos últimos anos da ditadura. Não faltaram o Poemarma, onde ele antevê o 25 de Abril, e muitos, muitos outros, terminando com a inevitável Trova. Seguiu-se um período de perguntas e respostas muito concorrido, onde o poeta foi dissertando sobre a sua obra poética e vida política, e como ambas sempre caminharam lado a lado, influenciando-se mutuamente. Mas não hesitou quando, respondendo a uma questão, disse que a sua natureza é mais de poeta do que de político, e repetiu-o sublinhando-o.

Foi uma bela sessão, que terminou da melhor forma, na tasca Os Putos, junto à estação dos caminhos-de-ferro, onde se comem os melhores linguadinhos fritos com açorda genuina, com odor e sabor a alho e a coentros. Se «a poesia é para comer», como dizia a Natália, dos linguadinhos e da açorda nem se fala.

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