O Exótico Hotel Marigold

Nenhuma obra artística merece o nome de obra artística se não puxar pelas emoções de quem a vê e esta puxa, e de que forma... O que se passou naquelas quase duas horas foi um turbilhão de emoções cruzadas, porque o drama alterna com a comédia, qualquer uma delas atingindo níveis pouco frequentes. Não há cedência a facilitismos. Diálogos, história e as magníficas interpretações, tudo assenta numa coerência inteligente e resistente a qualquer prova. Parece que o filme só estreia daqui a umas semanas, mas se puderem não o percam. Voaram aquelas duas horas. Guardo muito boas imagens, expressões faciais, olhares e diálogos daquele filme, mas termino com uma frase que muito dá que pensar. A frase foi proferida por um destes velhos ingleses, que regressou à Índia 40 anos depois para reencontrar o amor da sua vida e, referindo-se ao povo mais humilde disse, tentando justificar os sorrisos contagiantes que via nas ruas, sorrisos nascidos em quem, à luz da visão ocidental, poucas razões tinha para sorrir: «Eles acham a vida um privilégio e não um direito». Não percam.