Capitão de Abril, Capitão de Novembro

Tendo em vista a concretização de dois projectos literários que andam à volta do 25 de Abril, nos últimos meses as minhas leituras não têm tido outro objectivo que não vise documentar-me sobre factos e pessoas ligadas àquele tempo. Com esse fito, terminei recentemente a leitura do livro do coronel Sousa e Castro, «Capitão de Abril, Capitão de Novembro». Venho aqui falar dele porque detectei um aspecto que, na minha opinião, marca a diferença relativamente a muitos outros que pude ler: os presos políticos do após 25 de Abril.
Desde a Revolução que derrubou o Estado Novo até ao 25 de Novembro de 1975, foram parar às prisões portuguesas pessoas ligadas ao antigo regime - por exemplo os efectivos da PIDE/DGS; depois, na sequência do 28 de Setembro e 11 de Março de 1975, outras pessoas, estas conotadas com o general Spínola, e, por fim, devido ao 25 de Novembro, mais uns quantos militares foram detidos, estes ligados à extrema-esquerda. Não é este um assunto muito abordado na vasta obra que sobre este tempo histórico foi produzida e não honra muito os portugueses que então tiveram responsabilidades políticas, o tratamento dado a estes presos, sendo que o coronel Sousa e Castro o diz com todo as letras, pondo à frente dos aspectos políticos e ideológicos nesta sua obra, o humanismo que é devido a todos. Honra seja feita ao capitão de Abril, mas também capitão de Novembro, Sousa e Castro.
  

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