Amor a Portugal II

Uma das coisas que mais me dói nos dias que vivemos é a saída para o estrangeiro de jovens portugueses, a maioria dos quais qualificados, em busca de oportunidades de vida que não conseguiram no país em que nasceram. Dói-me e muito.
É preciso que se diga que sou um dos muitos portugueses que vibrou com a vitória eleitoral do engenheiro Guterres em 1995. Era um tempo de esperança depois de uma dezena de anos em que vivemos enclausurados num cavaquismo tristonho, cara de pau, algo anacrónico até. Na sequência da vitória eleitoral o optimismo reinava. Em termos culturais o professor Carrilho fez coisas como não haviam sido feitas em Portugal na minha geração, e eu acreditei; em termos científicos, o professor Gago abriu as portas a muitos cientistas portugueses de nomeada que no estrangeiro faziam carreira. E cada regresso a Portugal de massa cinzenta portuguesa para ajudar a construir o futuro do país era por mim celebrado. Estava em causa a esperança, acreditava-se no futuro. Eu acreditei, confesso.
O que vemos hoje é o oposto de tudo isto e se aquele tempo era tempo de crença, de esperança, este é o tempo da descrença, da depressão. Dói muito.
Vem isto a propósito de uma óptima mas dolorosa reportagem que a RTP fez e passou esta noite, sobre os jovens portugueses de hoje que vão para o estrangeiro trabalhar, como faziam os jovens portugueses dos anos sessenta. Seremos um país condenado à emigração dos seus mais activos? Dói muito responder a esta pergunta.

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