As crises, a nossa e a dos outros
«Gosto de olhar a cara dos clientes quando
provam a minha comida», disse a cozinheira angolana à reportagem da RTP,
acrescentando que conhecia muito bem a verdadeira crise: «comi arroz e feijão
com peixe frito anos a fio. Era a guerra e isso é crise a sério.»
O episódio fez-me lembrar quando, em
miúdo, ia para casa da minha avó. Ela devia ter um prato favorito que estava
longe das minhas preferências: chicharro frito cortado às postas, com feijão-frade
cozido. Não havia guerra, a não ser em África, mas ainda hoje não consigo
pensar no cheiro da cozinha, quanto mais voltar àquela dieta.