Tenho o grato prazer de comunicar que
terminei hoje o meu trabalho para este novo projecto. A exemplo do que fizemos
para No Limite da Dor, que começou
por ser um programa de rádio, no caso a Antena 1, da autoria de Ana Aranha, e
depois transformamos em livro, vamos repetir o modelo com este Memórias do Exílio. O modelo é o mesmo e
a ideia também: para que a memória não se perca e tudo fique ao alcance da mão.
Neste caso são doze entrevistas
de homens e mulheres que, interrompendo o caminho que tinham sonhado, viram-se
obrigados a abandonar o país para não serem presos ou para não alimentarem o
exército colonial e uma guerra em que não acreditavam. E nem tudo foi fácil,
como será fácil concluir, e que os testemunhos bem documentam. Se os autores, Ana Aranha e
este Vosso amigo, terminaram o trabalho, é tempo de entrar a editora, a
Parsifal, e o editor, Marcelo Teixeira. É tempo da paginação, da revisão e da impressão,
para que lá para final de Março, tenhamos à disposição mais um (sério…
Tenho o Manuel Domingues
(MD) como um homem de honra. Na minha opinião morreu por isso mesmo, pelo
sentido do dever que esteve sempre presente, no caso, ao defender os seus
camaradas mais humildes, mesmo indo contra a cúpula do partido. Foi aí que ele
se perdeu. Por Fevereiro/Março de 1949, numa reunião do Comité Central,
bateu-se contra a expulsão de camaradas seus da Marinha Grande, que acabaram
expulsos, entre eles Joaquim Gregório, irmão do José Gregório, que pertencia ao
mesmo Comité Central e foi figura grada até certa altura (outro assunto
interessante). Nessa reunião, Manuel Domingos ficou sozinho, o que lhe foi
fatal. Depois foi sempre a piorar, com o partido a definhar devido a muitas
cedências à PIDE, mas também em razão dos olhos do regime, disseminados um
pouco por todo o lado. Muito disto jogou contra MD, que, pela sua posição em
1949, passou a ser um alvo preferencial. Por estes anos o partido entrou em
enorme desorientação e surgiu a vertigem da traição. Na verdade, a …