Johan Cruyff - um herói nos relvados e na cidadania
Morreu um dos meus heróis da adolescência:
Johan Cruyff. Não só pela magia que espalhava pelo campo, que isso, outros,
poucos é verdade, também o conseguiram fazer a nível idêntico, mas pela sua
dimensão enquanto homem de liberdade e de valores. O que eu mais recordo dele
não foi nenhum golo ou jogada de génio, que teve muitos e muitas. Quando eu
andava pelos 17 anos, recusou integrar a selecção holandesa para ir ao Mundial
da Argentina em 1978, de que era o incontestável capitão. Justificou a sua
atitude com o facto de correr o risco de ter que cumprimentar o general Videla,
ditador e assassino, pelo menos moral, de dezenas de milhar dos seus
concidadãos. Ora o mago da bola e cidadão não o queria fazer e não o fez.
Faltou ao Mundial em que a sua selecção acabou por disputar, perdendo, a final
com o país anfitrião. Honra aos Homens que não confundem princípios com
conjunturas. Não há muitos.