Os seis órgãos de Mafra na perfeição


Foi na manhã do último sábado e acabou por saber a pouco. Os seis órgãos provaram que a jogar em equipa são imbatíveis na arte de provocar emoções. Não faltou um competente coro, e até alguns tenores em grande forma marcaram presença, mas, insisto, soube a pouco. Quero com isto significar que foram verdadeiramente arrebatadores os poucos minutos que passei no interior da basílica, e esse foi o principal problema: um impressionante espetáculo, mas de curtíssima duração. Menos de 30 minutos de música e 10 de discursos.


Como esta fotografia bem documenta, o povo saiu à rua na manhã de sábado, e bem cedo, para chegar a horas e encher o recinto onde, verdadeiramente se louvou a Deus com artes bens humanas. Louvado assim, bem que Ele podia fazer algo por nós, para aqui pobres e abandonados. Mais para a noite, na Luz, foi o que foi. Vamos aguardar.


Era segredo, mas todos os que lá estavam sabiam: estaria presente o Cristiano Ronaldo do belo canto (ele não se importa com a comparação, é do Real) Plácido Domingo. Se isto é verdade, também o é que ninguém esperava ouvi-lo discursar durante tanto tempo - talvez cantasse um pouco, a esperança reinava. Mas ele gosta de discursar, fiquei com essa impressão, mais do que de cantar, porque a bela voz de tenor mostrou-se apenas no papel de competente senhor do palanque. Agora resta-me louvar a organização que, em tempos de crise nunca vista, em que tudo se paga, conseguiu montar uma estrutura não tão barata assim e, pasme-se, os brindados foram os espectadores, porque o deslumbre foi à borla. Repitam, estarei atento. Ah, o Plácido prometeu regressar a Mafra para cantar. Bom, bom, bom… não nos vai tocar, fica a suspeita.

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