16 de Março - o ensaio geral para o 25 de Abril
Alguns destacados
elementos do MFA, disseram que foram os spinolistas a querer tomar a dianteira
do processo conspirativo que estava em marcha adiantada; o general
Spínola disse que o 16 de Março não passou de uma reacção «dos seus rapazes» a
uma provocação dos comunistas, para que, ao serem presos, deixassem o caminho
aberto para que a esquerda mais radical tomasse conta do golpe, como, em sua
opinião, veio a acontecer; para Marcello Caetano não passou de uma leviandade
de um reduzido grupo de jovens militares. Para Vítor Alves,
foi uma acção desgarrada, «peitos que palpitaram», motivada pela demissão dois
dias antes do general Spínola do cargo de vice-Chefe de EMGFA, por se ter
solidarizado com o seu superior hierárquico, Costa Gomes, e não ter comparecido
ao beija-mão exigido por Caetano, na sequência do turbilhão que representou a
publicação de «Portugal e o Futuro», da autoria do ex-governador da Guiné.
Fosse o que fosse,
as prisões verificadas no 16 de Março e o perigo que poderia representar para o
MFA clandestino, fizeram acelerar o golpe, que estava já na mente de todos quantos
se continuavam a reunir para melhor prepararem o dia «claro e limpo.»
Uns dias após o 16 de Março, a 24, na casa do capitão Candeias Valente, em Oeiras, ocorreu a última reunião da Coordenadora do MFA na clandestinidade. Ali se balizou o dia em que devia ocorrer o golpe, e foram escolhidos os líderes de todo o processo: Vítor Alves na acção política, para conseguir burilar o programa e nele congregar os camaradas, e Otelo na acção militar. Faltava então um mês para a «grande bebedeira colectiva», como alguém chamou ao efeito que o 25 de Abril teve nos portugueses.
Uns dias após o 16 de Março, a 24, na casa do capitão Candeias Valente, em Oeiras, ocorreu a última reunião da Coordenadora do MFA na clandestinidade. Ali se balizou o dia em que devia ocorrer o golpe, e foram escolhidos os líderes de todo o processo: Vítor Alves na acção política, para conseguir burilar o programa e nele congregar os camaradas, e Otelo na acção militar. Faltava então um mês para a «grande bebedeira colectiva», como alguém chamou ao efeito que o 25 de Abril teve nos portugueses.
39 anos depois, quase que nos resta lembrar a «Grândola...», as conquistas então conseguidas, que entretanto se esvaem, e a alegria que a todo o
povo tocou. Talvez umas e outras sejam o alento necessário para que o grito de
contestação, que esta classe política que nos desgoverna merece ouvir, seja
igualmente colectivo e assim, finalmente, seja ouvido.