Olhos de Água entre Outubro e Novembro

Por aqui pontifica o traço azul cinzento do mar em fundo, a chuva que vai e vem, assim como o vento, por vezes em rajada. O céu está quase sempre de chumbo, mas a espaços o sol espreita e quando assim é, o impulso impele-nos a abrir a enorme porta vidrada da sala e saltar para a espreguiçadeira do terraço. Mas, sabemos, é sol de pouca dura e não compensa o esforço da mudança neste tempo de preguiçar.

Mesmo à minha frente, o guardião de todos estes territórios, um sobreiro, talvez o ser vivo mais antigo no raio de quilómetros. Enorme árvore esta, que deixa adivinhar o quanto viu ao longo de toda sua longa vida. As bolotas espalham-se em redor, conferindo a todo o terraço o ar campestre que originalmente não tem. Daqui até ao mar são casas e mais casas, com algum verde de entremeio, em fiadas a que chamam ruas e avenidas. Quando ele nasceu tudo era campo, tudo era natural como ele. Talvez uma cabana de pescadores lá ao fundo perturbasse a paisagem... sem perturbar.

 

Estou em Olhos de Água, onde a areia do mar borbulha pela força que vem das entranhas da terra. Os mais antigos chamam olhos a esse borbulhar constante.

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