Ex-vice da Moody's apela a revolução na zona euro
O tempo para uma discussão
"educada" terminou. O que está em causa no "Sul" da
Europa é a diferença entre um futuro de prosperidade ou depressão.
Palavras duras de Christopher T. Mahoney, ex-vice presidente da
agência Moody's.
|
"Está na hora de uma revolução na
zona euro, o tempo para uma discussão educada terminou. O que está em causa
não são um ou dois por cento de crescimento económico no Sul, mas, pelo
contrário, a diferença entre um futuro de prosperidade e um de
depressão", refere hoje Christopher T. Mahoney, ex-vice presidente da
agência de notação Moody's, num artigo intitulado "Southern Europe Must Revolt Against Price Stability ",
publicado no "Project Syndicate".
Essa "revolução" deve ser
"liderada pela França, Itália e Espanha", com a França à cabeça, e
os seus alvos principais são a Alemanha e o Bundesbank. "O tempo é
agora, antes que a Espanha e Itália sejam forçadas a capitular à estricnina e
ao arsénio da troika", sublinha.
Mahoney é um veterano de Wall Street
que saiu de vice-presidente da Moody's em 2007. Considera-se um
"libertário do mercado livre".
"Se o Sul continuar a permitir
que o Norte administre o remédio envenenado da deflação monetária e da
austeridade orçamental, sofrerá, desnecessariamente, anos e anos",
adverte Mahoney, para, depois, apelar à "revolução" do Sul.
"A zona euro é uma república
multinacional em que cada país, independentemente da sua notação de crédito,
pode atuar como um hegemonista. A Alemanha tem apenas dois votos no conselho
de governadores do Banco Central Europeu (BCE), não tem controlo e não tem
poder de veto. A Alemanha é apenas mais outro membro da união e o Bundesbank
apenas mais outra sucursal regional do sistema do euro. O Tratado do BCE não
pretendeu ser um pacto de suicídio, e pode ser interpretado de um modo
suficientemente aberto para permitir que seja feito o que tem de ser feito.
Se o Tribunal Constitucional objetar, então a Alemanha pode sair."
E reforça: "O que advogo é uma
rutura pública com o Bundesbank e com os seus satélites ideológicos".
A finalizar, diz: "Talvez seja
mais prudente conduzir esta revolta em privado, mas o que acho é que só
funciona como ultimato público".
Jorge Nascimento Rodrigues (www.expresso.pt)
|