2014 em jeito de balanço, enquanto dá as últimas

Não sou de balanços, pelo menos públicos, mas enquanto espero os amigos que farão o favor de me encher a casa daqui a um par de horas, sem que me apeteça trabalhar - outros dias virão -, vou pensando brevemente no que de bom e de menos bom este ano, que hoje termina, me trouxe.


O mês de Abril, sem dúvida, destaca-se. Foi o mês da defesa académica de «Vítor Alves, o Revolucionário Tranquilo», dia 3, uma dissertação de mestrado que em 2015, revista e bastante aumentada, conhecerá os escaparates das livrarias. A 27 desse mês, na Fortaleza de Peniche, fizemos a apresentação de No Limite da Dor, já hoje uma obra fundamental para se conhecer o aparelho repressivo do Estado Novo. Vendo bem, talvez a publicação deste livro tenha sido o momento alto do ano para mim, pelo contributo que, tenho a consciência, demos (eu, a Ana Aranha e, essencialmente todos os antigos presos políticos que essa grande mulher da rádio portuguesa conseguiu entrevistar para o seu programa na Antena 1, de que resultou o livro) para a reconstituição da História recente deste País.
Em cima, na apresentação na RTP e, ao lado, na Fortaleza de Peniche, com Marcelo Teixeira, o grande editor da Parsifal, e Ana Aranha, a minha caríssima co-autora. Em baixo, o cartaz da peça de teatro concebida a partir do livro. 


Negativamente, de registar a crise, a incerteza em que vivemos, que, não obstante os discursos optimistas, que tresandam a eleições, não augura nada de bom. Uma das minhas filhas teve de ir para a Alemanha, porque não conseguia trabalhar na área de estudo (nem noutras) em Portugal. É triste, deprimente mesmo, face às enormes expectativas que à minha geração foram criadas. É triste verificar que os níveis de emigração dos últimos anos não andam muito longe dos números alcançados na segunda metade da década de 60 do século XX, o que dói. Habituámo-nos a pensar que isso era coisa do passado e que não voltaria; dói mais ainda porque, nesses tempos, as centenas de milhares que saiam eram portugueses iletrados, ou quase, e hoje os jovens que partem foram educados e formados para serem uma aposta de futuro para este País. País que depois de despender milhões na formação desta gente nova, dispensa-a, empurra-a para outras paragens, onde estão ou irão contribuir com as suas valências para o enriquecimento desses países, deixando o nosso cada vez mais pobre e, mais grave, ainda mais pobre de futuro.

Sem grandes esperanças, é preciso acreditar - como cantava Luís Goes -, que 2015 nos traga os primeiros sinais sérios, porque sustentados, que façam nascer o optimismo, de que tão necessitados estamos. É preciso acreditar!

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