A justiça e a democracia



Adivinhem quem recentemente escreveu a seguinte frase, que em nada abona a nossa democracia:

«No antigo regime(...) a justiça (...) funcionava muito melhor do que hoje.»

Dou algumas hipóteses:
- um antigo ministro da Justiça de antes do 25 de Abril;
- um outro qualquer velhinho saudosista do regime ditatorial;
- algum elemento da oposição ao actual Governo, em momento de algum desnorte.

Podia ter sido qualquer um deles, mas, de facto, o autor do dito conserva - ainda que não exiba – um título tão marcante quanto localizado no tempo: o de anti-fascista. Saiu de Portugal enquanto estudante universitário, devido a problemas com a polícia politica; não fez a guerra colonial e terminou o seu curso de Sociologia no estrangeiro - penso que na Suíça. Só regressou a Portugal após o 25 de Abril, tendo tido algum protagonismo político nos anos que se seguiram. Depois, abandonou a política activa e dedicou-se ao estudo, transformando-se num dos maiores conhecedores das entranhas sociais deste país. Chama-se António Barreto, e se ele disse tal coisa, só temos que lamentar, não o facto de o ter feito, mas o real estado da justiça portuguesa nestes dias que vamos vivendo.

Pergunto: se a sociedade portuguesa está irreconhecível para melhor, se ao longo da sua história o povo português nunca teve a qualidade de vida que tem hoje - e isto é inegável -, onde, como e porque falhámos na justiça?

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