Perfume de Mulher - italiano e americano
Entre as revisões de um livro, faz-me falta arejar com histórias escritas por outros. Desta vez foi filme, filmes, porque foram dois de uma assentada, embora com o mesmo título, Perfume de Mulher. Só há pouco tempo tive oportunidade de conhecer a versão italiana, dos primeiros anos da década de setenta, e aproveitei para ver o americano, de 1992, que saiu recentemente com um jornal. São dois bons filmes que se vêem muito bem, com cenas de grande intensidade emocional, como convém ao bom cinema. Contudo, o italiano sendo mais antigo que o americano quase vinte anos, é muito mais moderno. Tudo porque não houve cedências ao facilitismo, ao moralmente correcto exigido pelos mercados.
O americano parece ter sido muito pensado em função do papel que cabia a Al Pacino, que o protagonizou e que acabaria por vencer o Óscar para melhor actor por esse desempenho. Aliás, também Vittorio Gassman, o grande actor italiano, cumpriu com grande arte o papel que lhe coube. Mas penso que a obra americana perdeu no seu todo, no intuito de alimentar a árvore gigante que é Al Pacino. Comparativamente com a italiana, é mais desequilibrada, já que cruza cenas antológicas, como é o caso do tango «Por una Cabeza» de Gardel, dançado por Pacino e uma bela actriz, mas tem momentos francamente fracos, como por exemplo a parte final do filme, ao nível de uma simples americanada, que o resto do filme não merecia de todo.
Boas reflexões para amanhã e bons filmes.