Eu sabia

Fiquei feliz com a atribuição das Olimpíadas à, também nossa, Rio de Janeiro. O Comité Olímpico Internacional seguiu as pegadas da FIFA. O próximo campeonato do mundo de futebol terá lugar em 2010 na África do Sul - pela primeira vez no continente negro -, uma decisão não isenta de risco, já se vê, mas penso que calculado. Em 2014, este evento tão mediático decorrerá exactamente no Brasil – pela segunda vez, depois da primeira e longínqua experiência de 1950.
O COI não quis ficar atrás, depois da vergonha que foi não ter concedido a organização dos jogos do centenário à cidade berço, em pura cedência ao poderio económico americano, no caso em favor de Atlanta. Depois percebeu a injustiça e tentou arrepiar caminho, favorecendo Atenas com a organização dos jogos de 2000. Tardio remedeio, a falta já estava irremediavelmente registada.
Agora pareceu não ter querido repetir a asneira e vai daí, seguiu os homens da bola e inovou ao levar os Jogos Olímpicos pela primeira vez para a América do Sul. O Brasil terá o Mundial de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016. Dois anos de um ininterrupto Carnaval, crê-se.
Para alegria dos muitos milhões de sul-americanos e falantes da língua portuguesa Rio de Janeiro será a sede das Olimpíadas. No que nos diz respeito, pela primeira vez, a frase de abertura de acontecimento com significado tão tocante para toda a Humanidade, será proferida no nosso idioma.
Foi comovente ver a alegria daquele povo a saltar e a dançar com a notícia. Mas é um grande desafio que os brasileiros vão ter de vencer. É uma tarefa hercúlea e o mais grave e delicado nem será a construção das infra-estruturas, mas a da segurança, tendo em conta a situação periclitante em que vivem os cariocas há muitos anos neste particular. Mas estou certo que as autoridades responsáveis não ignoram este problema e que a seu tempo o debelarão.
De há muitos anos que não perco uma cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos – desde Moscovo 1980, que me lembre - e nunca deixo de me comover. E questionando-me sobre este reflexo, concluo que tal se deve não só ao simbolismo do acontecimento – que faz um apelo à paz e ao entendimento universais -, mas também pelo orgulho, alegria e entrega dos povos que os acolhem. É sempre magnífico, independentemente da exuberância do espectáculo em si.
Mas eu sei que em 2016 vou comover-me muito mais.
Lá estaremos

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